domingo, 28 de abril de 2013

Vazio

Era domingo de manhã. O sol brilhava tímido, apesar de já passar das 10 horas. Ela foi até a cozinha. Encostou-se no balcão da pia, segurando a xícara com uma das mãos, enquanto a outra abraçava a própria cintura.

As lágrimas resistiam em cair. Ela vestia o pijama velho de algodão que ele tanto gostava. Não tinha penteado o cabelo - ele dizia que ela ficava bem com os fios caídos de qualquer forma pelo rosto. Os pés descalços pisavam em cada centímetro de solidão daquela casa.

Já fazia meio ano desde que ele fora embora.

Mas a presença dele continuava ali.

A barriga dela crescia discretamente. Agora já não enjoava tanto, mas doía. Não a barriga. O coração. Doía a incerteza. Doía o medo de saber que ele não voltaria mais. O medo de receber aquela carta fria e impessoal com um pedido de desculpas vindo de alguém que ela sequer conhecia.

O café perdeu o gosto. Ela engoliu o choro junto com o açúcar em excesso que havia naquela xícara. Mas nem assim estava doce. Aliás, tudo tinha ficado amargo desde que ele se foi. Que falta ele fazia. Mas ninguém se importava com isso.

Queriam ganhar a guerra.

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