Eu tinha todo o discurso pronto, cheguei até a escrever num papelzinho que era pra eu não me perder nas ideias. Respirei fundo. Acho que acabei com todo o oxigênio do meu quarto, mas vamos lá. Disquei teu número.
O telefone começou a chamar e eu senti minhas mãos tremerem.
Mil borboletas dançavam no meu estômago. E eu que sempre amei borboletas, agora as odiava profundamente. Inclusive me deu vontade de arrancar na unha a borboleta que eu tinha tatuado no braço. Mas isso é outra história.
O telefone chamou mais uma vez.
Me arrependi de ter ligado.
Você não atendia, e eu fui afundando cada vez mais na minha própria desilusão.
Quem eu pensava que eu era pra te ligar assim do nada? Justamente agora...
Eu já tinha tirado o telefone da orelha quando eu ouvi um "alô".
Você sempre me recebia com um "oi, querida". Agora eu só ouvi um "alô" frio e impessoal. Desses que a gente diz quando está sendo incomodado.
Ele nem sabia mais meu número.
"Alô? Tem alguém aí?".
Tinha, meu caro. Tinha.
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