sexta-feira, 14 de junho de 2013

Alô?

Eu tinha todo o discurso pronto, cheguei até a escrever num papelzinho que era pra eu não me perder nas ideias. Respirei fundo. Acho que acabei com todo o oxigênio do meu quarto, mas vamos lá. Disquei teu número.

O telefone começou a chamar e eu senti minhas mãos tremerem.

Mil borboletas dançavam no meu estômago. E eu que sempre amei borboletas, agora as odiava profundamente. Inclusive me deu vontade de arrancar na unha a borboleta que eu tinha tatuado no braço. Mas isso é outra história.

O telefone chamou mais uma vez.

Me arrependi de ter ligado.

Você não atendia, e eu fui afundando cada vez mais na minha própria desilusão.

Quem eu pensava que eu era pra te ligar assim do nada? Justamente agora...

Eu já tinha tirado o telefone da orelha quando eu ouvi um "alô".

Você sempre me recebia com um "oi, querida". Agora eu só ouvi um "alô" frio e impessoal. Desses que a gente diz quando está sendo incomodado.

Ele nem sabia mais meu número.

"Alô? Tem alguém aí?".

Tinha, meu caro. Tinha.

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