Um olhar desajeitado na fila do supermercado. Eram dois olhares estranhos que se cruzavam na fila do caixa.
"Mas com tanto lugar nessa cidade, meu deus..."
- Com licença, senhora. Senhora? As suas compras!
- Oi?! Desculpe. Pra mim é só isso hoje.
"Que inferno!"
- Oi, desculpa... espera! - pausa - Estou incomodando?
- Não. Mas estou com pressa, preciso ir.
- Sim, entendo. Mas, olha, eu precisava realmente falar com você.
- Agora?!
- Agora que te encontrei!
- Eu não estava fugindo! Mas, sério, estou atrasada mesmo.
- Espera - segura pelo braço.
Ela respira fundo e levanta os olhos, que, naquela altura, mais pareciam um par de lâminas selvagens.
- Ok, eu sei. Entendo... - pausa - mas preciso que me diga uma coisa.
- O quê?
- Por que você fez isso?!
- Isso o quê, santo deus?!
- Sumir assim! Desapareceu do nada, nunca mais falou comigo.
- Pensei que você soubesse o motivo...
- Se eu soubesse, não te perguntava!
- Olha, tenho que ir mesmo.
- Escuta. - ele respirou fundo como se a respiração o ajudasse a ganhar coragem - Eu não esperava te encontrar aqui. Mas já que estamos aqui, preciso te dizer uma coisa.
Ela gelou.
- E o que seria?
- Você esqueceu sua xícara favorita lá em casa e eu guardei. - pausa - Você quer de volta?
- A que eu trouxe de Londres?
- Sim...
- Mas eu tinha te dado...
- É, eu sei, mas ela é a sua xícara favorita desde a época que namorávamos...
- Fica com ela se quiser...
- Você pode ir lá em casa buscar.
Ela olhou fixamente nos olhos dele. E, meu deus, como eram bonitos aqueles olhos!
- Quando você estará em casa...?
- Sábado, pode ser?
- Se der tempo, dou uma passada lá...
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