sexta-feira, 17 de maio de 2013

Aquele sorriso

É que eles eram colegas de trabalho. Aí apareceu o congresso. Eles eram os melhores dentro da empresa, então a escolha do chefe foi óbvia: os dois iriam representar a instituição durante aquela semana. Viagem paga, hotel legal e uma agenda super agitada. Ia faltar pulmão pra tanta coisa, cartão pra tanta gente e sorriso pra tantas parcerias em potencial.

Viajaram. De mala e cuia, como se diz aqui no sul. Transcorreu tudo nos conformes. Vários contatos novos, muitas ideias assimiladas, promessa de alta produção para os próximos meses.

Mas a última noite... ah...

Ele a deixou na porta do quarto. Aproximou-se do rosto dela para se despedir, como de praxe. Mas ela estava diferente. Havia alguma coisa naquele olhar que ele ainda não tinha visto. Ela o abraçou pela cintura, aproximou o rosto do pescoço dele e sentiu o perfume.

De. Mo. Ra. Da. Men. Te.

Ele se agitou. Depois se encolheu. Deu de ombros. Enrubesceu. Será que ela percebeu alguma coisa? Ela parecia não se importar. E isso o agitava mais ainda. Ficou desconfortável afinal.

Estavam sozinhos no corredor. Já era tarde.

Ela olhou nos olhos dele. Seria a maquiagem que ela usava? Havia algo estranho naqueles olhos. Aí foi aparecendo um sorrisinho no canto da boca vermelha.

Ele estremeceu. Olhou para os lados. Apertou a cintura dela. A respiração, cada vez mais ofegante, era um sinal de que havia um conflito interno. Ele queria. Mas não sabia se podia.

Ela deixou que a mão dele ficasse na cintura. Fechou os olhos. Sorriu.

Mas aí ela deu um passo pra trás. Encostou-se na porta.

Ele se afastou. O que estava fazendo? Eram colegas. E aquilo era uma situação profissional!

Ela levou a mão até a maçaneta. Os olhos fixos nos dele. A porta abriu. Ela mordeu os lábios.

Ah, aquele sorriso...

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