sexta-feira, 17 de maio de 2013

Novo lar

Daí a velha finalmente se mudou do meu prédio. Meu Deus!

Nunca mais ouvir ela dizendo que o dia está muito quente, que a noite está muito fria, que não se fazem mais médicos como antigamente, que o namoro hoje em dia está uma pouca vergonha, que minhas roupas são inadequadas para uma "moça de bem" (mesmo que eu me vista dos pés à cabeça), que meu cachorro passa o dia latindo, que o leite está caro, que o pão está caro, que a água está cara, que há muita movimentação no corredor, que o porteiro não lê o jornal, que o jornal está ruim de ler, que o motorista não parou pra ela atravessar a rua, que os moleques da rua quase quebraram a vidraça dela, que as costas estão doendo, que a cabeça está doendo, que os pés estão doendo, que o óculos está fraco, e blá blá blá...

Espero que ela goste da nova vizinhança. É gente calma, respeitadora, não fala de política e todos têm a mesma religião. Os jardins são floridos e recebem visitas com frequência. As crianças que vão lá sabem se comportar e ficam bem quietinhas enquanto os adultos conversam. Não reclamam de infiltrações e parece que a iluminação é boa. Tem vigia noturno também! Dizem que é o paraíso...

Mas há um probleminha: a nova morada tem identificação. Agora todo mundo vai saber em que ano aquela velha nasceu.

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