sábado, 8 de junho de 2013

No parque

Eu senti a pulsação dela quando aquela mãozinha fina agarrou a minha e saiu correndo. Ela ria, prestes a fazer arte, com um olhar que me pedia cumplicidade e implorava por um riso meu.

Eu ri. O friozinho na barriga era legal até.

Tinha um monte de gente. Corríamos e ainda precisávamos tomar cuidado pra não esbarrar em ninguém. Me lembro que pedi desculpas umas três ou quatro vezes, mas ela seguia correndo e me puxando no meio da multidão. E rindo. E que sorriso lindo!

Até que ela quebrou pra esquerda e se escondeu atrás da barraquinha do cachorro-quente. Eu tropecei em um galho caído e quase passei (mais) vergonha. Ela pegou a minha outra mão e encostou os lábios fininhos nos meus. Eu fiquei de olhos abertos, surdo, paralítico e com um pouquinho de inveja de mim mesmo. Então era assim que se beijava.

Ela saiu correndo. Ainda olhou pra trás, com aquele sorriso lindo que tomava conta da cara toda, só pra me ver apavorado. Eu queria convidá-la pra ir na roda-gigante, mas eu ainda sentia o gosto dos lábios de morango dela. Era como se ela ainda estivesse comigo, e parecia que ia ficar pra vida toda.

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