segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Abrigo

O céu chorava como se tivesse perdido seu melhor amigo. Era tanta tristeza caindo em cima da cabeça, que se tornava difícil manter-se impermeável.

O carro preto confundia-se com a escuridão da estrada. Não fossem os faróis e o barulho do motor, não se saberia que ali havia uma pessoa. Uma pessoa encharcada pelas lágrimas que caíam do céu. E eventualmente, pelas que caíam de seus próprios olhos.

A estrada também não viu muitos homens ao longo desses anos todos. Nem aquele homem conhecia a estrada. Eram dois estranhos se incomodando com a presença um do outro. E o céu não parava de chorar, alheio ao estranhamento do homem e da estrada.

Já era quase duas e meia da madrugada quando eles, finalmente, assumiram que não se entendiam nem tinham vontade de se entender. O homem fez de uma árvore o seu abrigo.


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