domingo, 18 de maio de 2014

Pós-balada

Foi como se ela nem tivesse acordado. Talvez seria melhor se ela nem tivesse acordado. Ela acordou, e acordou com uma garrafa vazia ao lado da cama, a meia-calça rasgada em cima da cabeceira e o salto bem longe do sapato.

Ontem, na balada, não parecia que ela voltaria no carro de um conhecido da faculdade, passando mal e sujando o tapetinho que, há alguns minutos, ainda exalava o perfume da lavagem. Ontem, na balada, o mundo estava feliz, bebia whisky e cantava qualquer uma daquelas músicas bissilábicas. Ontem, na balada, ela vestia um vestidinho-blusa coladinho e brilhoso que combinava muito bem com o ânimo daquele momento.

Mas hoje, à tarde, o ânimo já não é mais esse, a cabeça não é mais aquela e nem tem mais whisky na geladeira.

Seria melhor se ela nem tivesse acordado, mas a vida deu mais um domingo tedioso, horroroso e incrivelmente chato pra ela. (Domingo: não tem dia pior para pós-balada. No domingo, o apartamento triplica de tamanho, cabem mais fantasmas dentro e todo mundo fica entediantemente mais sem graça.) Seria melhor ela nem ter entrado no Facebook, ou no Insta ou em qualquer um desses aí de internet. Ah... que dor de cabeça!

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