sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ouviu a porta bater

Pensou que se abriria novamente, mas pensou errado. Ainda havia a esperança de ter uma chave esquecida, um lenço mal dobrado, um chinelo do avesso, um soluço, sei lá. Mas a porta se fechou. Talvez não abrisse nunca mais. É difícil quando se mora no sétimo andar, mas sempre há a escada de emergência janela afora.

Ouviu a porta bater. Talvez fosse melhor assim. É bem verdade que o par de olhos ficaria sozinho na casa, mas sempre há o café. E o violão. E a estante de livros. E mais café, porque a pilha é imensa. E a distração também. Mas o par de olhos tem lá seus companheiros inseparáveis - um pouco aposentáveis, mas isso não vem ao caso. Enquanto as lentes estiverem funcionando, o óculos terá a quem servir.

Ouviu a porta bater. Mas a música invadia o ambiente com tanta leveza, que o som da porta batendo ecoou no corredor. A música ocupava o espaço. E a cabeça. E o par de olhos. E a estante de livros, que cantava junto aos acordes.

Ouviu o telefone tocar. Sempre há um novo sim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário